Rolling Stones – 50 anos

Em 2012, uma das maiores bandas de todos os tempos completa meio século de existência. Por isso, o Fut n Roll faz um especial para contar a história desses caras que rivalizaram com os Beatles na década de 1960, reinaram soberanos na década de 1970, sobreviveram aos anos 1980,  ressurgiram para o sucesso na década de 1990 e estão mais fortes do que nunca no século XXI.

Os Stones começaram representando uma época de transformação na sociedade na qual foram os responsáveis pela trilha sonora dos REBELDES do planeta.

Como todos sabem, Mick Jagger e Keith Richards se conheceram na infância e se reencontraram em 1960 em uma estação de trem em Datford, nos arredores de Londres, em 1960. Lá, descobriram ter gostos musicais parecidos, especialmente pelo blues e pelo rock n roll.

Dois anos depois, foram convidados por Brian Jones a integrar uma banda que faria o legítimo Rythim n Blues branco. Batizaram a banda de The Rolling Stones em homenagem a música homônima de Muddy Waters.

O primeiro show foi no Marquee Club, na capital inglesa, no dia 12 de julho de 1962. Com o tempo, eles ficaram populares no circuito de bares, sendo convidados a tocar no popular Festival de Jazz de Richmond. A boa repercussão levou a banda a ser contratada pela Decca Records, que estava atrás de um novo talento depois de ser motivo de CHACOTA ao recusar os Beatles no ano anterior.

Os Rolling Stones foram promovidos exatamente para ser um contraponto aos Beatles. Se os quatro rapazes de Liverpool eram bons moços, o então quinteto londrino seria formado pelos bad boys. Tanto que cartazes dos shows vinham com a seguinte pergunta: “Você deixaria sua filha se casar com um Rolling Stone?”.

Apesar de tentarem vender uma imagem que rivalizava com os Beatles, a verdade era que havia amizade entre os integrantes. Tanto que o primeiro sucesso dos Rolling Stones, “I wanna be your man”, é uma composição assinada por Lennon/McCartney.

Aliás, as covers foram a especialidade dos Stones nos primeiros álbuns. O primeiro disco a ter só composições próprias foi Aftermath, de 1966. Até então, os discos eram formados por regravações e poucas músicas assinadas por Jagger/Richards.

Ainda assim, ambos já começavam a se consolidar como compositores maduros. Tanto que o maior sucesso do grupo, “Satisfaction”, foi lançado no álbum Out Of Our Heads, de 1965, com uma letra que era uma crítica ácida a sociedade de consumo que explodia num refrão violento e um riff de guitarra que acertou a todos bem no meio da testa.

O mundo sofria com as ameaças à paz geradas pela Guerra Fria e pela Guerra do Vietnã. De quebra, os assassinatos de Martin Luther King e dos irmãos Kennedy tornaram o planeta uma espécie de barril de pólvora.

Foi nesse contexto que os Rolling Stones tomaram de vez a ponta no quesito rebeldia. Fizeram convites à luxúria em Between the Buttons e saudaram o capeta em Beggar´s Banquet, além de dois álbuns em resposta aos Beatles: Their Satanic Majesties Request (versão stoniana de Sgt Peppers) e Let it Bleed (resposta a Let it Be).

Mas a década de 1960 acabou com a banda em CRISE. Os problemas com drogas fizeram com que Mick Jagger e Keith Richards mandassem Brian Jones embora. Poucos dias depois, em 3 de julho de 1969, Jones apareceu morto na piscina da sua casa em circunstâncias misteriosas. Para o seu lugar, foi recrutado o guitarrista Mick Taylor, então com 19 anos.

O início dos anos 1970 trouxe vários funerais: Jim Morrison, Jimi Hendrix e Janis Joplin. Os Beatles haviam anunciado o seu fim. Nesse cenário caótico, os Rolling Stones passaram a reinar soberanos.

Mas, com a mudança de década, também veio a mudança de gravadora. Os Rolling Stones foram para a Atlantic Records. Ainda assim, o grupo se mostrou revitalizado depois da perda de Brian Jones. Mick Taylor trouxe um tempero apimentado ao som e ainda dava espaço para Keith Richards brilhar.

Tanto que em 1971 e 1972, a banda lançou duas das suas OBRAS-PRIMAS: Sticky Fingers e Exile on Main Street. Sticky Fingers foi uma coleção de hits: “Wild Horses”, “Brown Sugar”, “Dead Flowers”, “Bitch”, entre outros grandes sucessos, estão neste álbum.

Além disso, a capa é assinada por Andy Warhol, que é um zíper que podia ser aberto e mostrava uma figura de cueca. Também foi neste álbum que o famoso logotipo da boca com a língua de fora apareceu pela primeira vez.

Exile on Main Street não teve a enxurrada de hits do seu antecessor, mas é tido como o álbum mais CULT da banda. De sucesso mesmo, só “Tumblind Dice”. Mas o álbum tem muita música boa, como “Shine a Light” e “Happy”, com Keith Richards nos vocais.

Depois dos álbuns Goat´s Head Soup e It´s Only Rock n Roll, Mick Taylor deixa a banda. Em seu lugar entra Ron Wood, que havia conhecido a fama com o Faces. Mas seu álbum de estreia é o pouco inspirado Black and Blue.

E aí veio o surgimento do movimento punk em 1977 e as bandas de sucesso do início da década foram rotuladas de JURÁSSICAS. Modismos, como a disco music também ajudaram com a decadência de várias bandas. Algumas, como o Led Zeppelin, não resistiram. Os Stones responderam lançando Some Girls, que colocou a banda de volta ao topo com um som modernizado, com influências punk, vista em “Shattered”, e disco, com “Miss You”.

A década se encerra no embalo da disco music, com o lançamento de Emotional Rescue, deixando claro que ser jovem não tem a ver com idade, mas com atitude.

A década de 1980 começou com boatos do fim dos Rolling Stones. As brigas entre Mick Jagger e Keith Richards estariam insustentáveis e parecia que tudo ia se acabar. Mas a resposta veio em grande estilo.

Em 1981, os Rolling Stones lançaram Tatto You, mais um dos grandes clássicos da banda. Bem pop e consistente, trouxe hits como “Start Me Up” e “Waiting on a Friend”.

No mesmo ano, também lançaram o ao vivo Still Life, para afastar de vez qualquer boato de rompimento.

Mas o clima realmente não era bom. E isso se refletiu nos álbuns seguintes, Undercover e Dirty Work. Os discos eram tão meia boca e a coisa tava tão feia que Mick Jagger não quis nem fazer turnê com a banda em 1986 para se dedicar ao seu álbum solo. Lembrando que álbum solo, na época, era mais forte do que um PALAVRÃO.

Pelo menos, os Stones mostraram que sabiam capitalizar até em momentos de CRISE. O clipe de “One Hit To The Body”, música de trabalho de Dirty Work, aproveitou a rixa entre Jagger e Richards e mostrou os dois em uma coreografia em que ambos parecem dizer um pro outro que “chamou o pai de coxinha, a mãe de galinha e falou que ia comer os dois”.

Quando tudo parecia fadado ao fim, sai Steel Wheels em 1989. Não é uma Brastemp, mas quebrava um galho. Eram os Rolling Stones de volta com a turnê Urban Jungle, a primeira na qual usaram palcos faraônicos e se tornaram fonte de inspiração para as megaturnês do U2.

Com a turnê Urban Jungle, os Rolling Stones descobriram que são uma máquina de fazer dinheiro. E a fórmula do sucesso foi bem aplicada a partir da década de 1990.

A banda se consolidou como uma verdadeira empresa. Agora, a cada novo disco, vem uma turnê e um longo período de férias, o que permite aos seus integrantes trabalharem suas carreiras paralelas (disco solo já não é mais um palavrão).

Tanto que a produção de discos ficou mais escassa. Foram apenas dois álbuns de estúdio, dois ao vivo e uma coletânea com uma regravação e versões raras acústicas.

Apesar disso, nunca os Stones ganharam tanto dinheiro. As turnês alcançaram o mundo todo. Pela primeira vez desceram até a América do Sul, por exemplo.

E os sucessos não pararam. Em 1994, saiu Voodoo Lounge, que gerou a primeira turnê verdadeiramente mundial do grupo e que durou mais de dois anos. Tudo por causa da quantidade de hits saídas deste álbum, como “You Got Me Rocking”, “Love is Strong”, “Sparks Will Fly” e “Blinding by Rainbows”.

No embalo dos grandes shows, eles voltaram com tudo em 1995, com o lançamento de Stripped, uma compilação de versões acústicas de músicas menos conhecidas do grande público da banda e a regravação de “Like a Rolling Stone”, de Bob Dylan.

Depois da longa e cansativa turnê, os agora tiozinhos do rock tiraram boas férias. E voltaram no fim de 1997 com Bridges to Babylon, um álbum mais experimental com pitadas até de música eletrônica. Apesar da pegada mais modernosa, ainda surgiram dois hits: “Anybody Seen My Baby” e “Saint of Me”. E dá-lhe turnê mundial com palcos gigantescos.

Da turnê de Bridges to Babylon, saiu o último lançamento da década, o ao vivo No Security. E ninguém mais questiona a longevidade dos Rolling Stones.

O novo milênio veio com mudanças em todos os aspectos. O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 é um marco dessa era tumultuada, assim como a consolidação da tecnologia. A internet se popularizou, assim como os telefones celulares e outros aparelhos.

E os Rolling Stones souberam muito bem se adaptar a essa era moderna. Shows cada vez maiores, participação no Superbowl, lançamento de DVDs e até um documentário dirigido por Martin Scorcese chegaram no novo milênio.

Novo milênio que começou com uma turnê gigantesca para celebrar os 40 anos da banda e divulgar a coletânea Fourty Licks, com 36 sucessos e quatro músicas inéditas. Para as rádios, foi “Don´t Stop”, que chegou a ser até usada nas transmissões da NBA.

Mas logo depois, um drama. O baterista Charlie Watts foi diagnosticado com câncer na garganta no meio de 2004. Felizmente, a doença ainda estava no estágio inicial e foi curada em 2005.

A tempo de o baterista gravar A Bigger Bang, um disco que fez os Stones voltarem à sonoridade mais crua e músicas mais fortes e diretas. Um dos melhores álbuns da história da banda.

E foi na turnê de A Bigger Bang que os Rolling Stones tocaram para sua maior plateia. O show realizado na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na gloriosa noite de 18 de fevereiro de 2006 foi assistido por mais de um milhão e meio de pessoas.

Com o fim da turnê de A Bigger Bang, a mais recente aparição dos Rolling Stones foi no documentário Shine a Light, de Martin Scorcese, um fã declarado da banda. O cineasta registrou dois shows da banda em Nova York com dezesseis câmeras focadas apenas nos músicos. Ele ainda mesclou as imagens gravadas com registros antigos da década de 1960 e a participação de músicos como Jack White e Buddy Guy.

Agora é aguardar o que Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts vão armar para comemorar meio século de existência de uma das maiores bandas da história da música.

Discografia:
The Rolling Stones (1964)
12×5 (1965)
The Rolling Stones Now (1965)
Out Of Our Heads (1965)
December´s Children (1965)
Aftermath (1966)
Got Live If You Want It (1966)
Between the Buttons (1967)
Their Satanic Majesties Request (1967)
Beggar´s Banquet (1968)
Let It Bleed (1969)
Get Yer Ya-Ya´s Out (1970)
Sticky Fingers (1971)
Exile On Main Street (1972)
Goat´s Head Soup (1973)
It´s Only Rock n Roll (1974)
Metamorphosis (1975)
Black and Blue (1976)
Love You Live (1977)
Some Girls (1978)
Emotional Rescue (1980)
Tatto You (1981)
Still Life (1981)
Undercover (1983)
Dirty Work (1986)
Steel Whells (1989)
Flash Point (1991)
Voodoo Lounge (1994)
Stripped (1997)
Bridges To Babylon (1997)
No Security (2000)
Forty Licks (2002)
Live Licks (2004)
A Bigger Bang (2005)
Rarities (2005)
Shine a Light (2008)

Um pensamento sobre “Rolling Stones – 50 anos

  1. Pingback: Carnaval no Fut’n’Roll, só com Guitarras | Fut 'n' Roll

Deixe um comentário