Joseph Blatter renunciou à presidência da Fifa após 17 anos no poder. Mesmo tendo ganho mais uma eleição e um mandato de mais quatro anos, a pressão pelos escândalos desvendados pelo FBI fez o mandatário pedir as contas e deixar a cadeira.
Superficialmente, estes são os fatos. Até porque Blatter não foi específico nas causas da saída, dizendo apenas que não sentia mais apoio das federações para seguir no poder. Mas é claro que tem algo mais embaixo deste tapete.
Mas o mais importante é que o mundo do futebol tem a maior oportunidade de mudar tudo o que está de errado na administração do esporte mais popular do mundo. Andrew Jennings, jornalista, grande crítico da administração Blatter e o homem que denunciou todo o esquema de corrupção na Fifa, por exemplo, defende a ida do holandês Michael Van Praag, presidente da federação de futebol local.
Na prática, nome forte mesmo, apenas o de Michel Platini. Grande jogador nas décadas de 1970 e 1980, o ex-meia francês se tornou presidente da UEFA com o apoio maciço de países menores sem tanta tradição no futebol. E de Joseph Blatter. No mínimo, suspeito.
Outro candidato é o príncipe da Jordânia, Ali al Bin-Hussein, que perdeu algumas eleições nas urnas para Blatter. Este tem o apoio das federações europeias de maior tradição.
E nenhum dos nomes parece que vai resolver os problemas estruturais da Fifa, afundada não só em corrupção, mas em vaidade e jogo de interesses.
A Fifa precisa de uma refundação. A questão é quem sobrou por lá quer melhorar o esporte ou apenas ganhar o poder que está totalmente solto neste momento?
Não adianta a Fifa passar por uma renovação obrigada se as federações nacionais seguem no mesmo esquema viciado, por exemplo, a CBF sob o comando de Marco Polo Del Nero. Estabelecer regras claras nas relações da Fifa com as entidades parceiras, patrocinadores e outros personagens da administração do futebol é fundamental.
E, como já disse, a melhor oportunidade está aí. Sem comando, a Fifa parece aberta a pessoas com novas ideias para gerenciar essa indústria chamada futebol.
Tomara que esta chance não seja desperdiçada.