*Por Paulo Henrique Souza
Seria um simples chavão dizer que esta sexta-feira (13/06/14) foi histórico para a minha vida: ir a um jogo de Copa do Mundo no próprio país, sendo a partida uma reedição da final da edição anterior é algo histórico também para os outros 48 mil torcedores presentes na Arena Fonte Nova, em Salvador. Mas garanto que nenhum deles teve, ao longo deste dia, outros dois acontecimentos relacionados à Seleção Brasileira!
Mas o Brasil não jogou em São Paulo um dia antes, batendo a Croácia por 3 x 1? Como você na capital baiana teve contato, pessoal e visual com o esquadrão nacional? Logo falo disso, pois dizer como foi o dia em Salvador vai manter você lendo o texto por mais tempo – curiosidade é uma arma legítima, meu caro(a).
Cheguei em Salvador sem atrasos, as 10:20. A recepção no aeroporto teve as tradicionais baianas em seus rodados e dourados vestidos, encontro que me rendeu três fitinhas do Senhor do Bonfim amarradas na mochila e outra no pulso; aqui o erro fatal de não ter feito um pedido a cada um dos três nós. A área do desembarque estava tomada pela cor laranja e a cantoria dos holandeses e simpatizantes e confesso que custo a entender por que tantos brasileiros torceram pela seleção que nos eliminou da Copa da África do Sul. Fazendo um paralelo, sempre comemoro os fracassos franceses, especialmente por 1998.
Ir do aeroporto para o estádio foi literalmente moleza, logística e financeira: R$ 20,00 para ida e volta em ônibus expresso que tinha a prerrogativa de ir além da área de bloqueio da Fifa em volta da arena.
O estádio soteropolitano me seduziu. Quando o avistei, ainda sobrevoando a cidade, já houve uma “paquera”, chegando lá, o visual futurista clean da cobertura deu o tom para a vibração positiva e interação únicas dos jogos de Copa do Mundo.
O que se viu nos 90 minutos de bola rolando não carece da minha análise, não quero ser repetitivo às trocentas (sic) análises táticas que já fizeram em diversas mídias e veículos. Quero falar de um sentimento que compartilhei com Jenifer, uma canadense que veio acompanhar a seleção do país de sua ascendência. Ficamos incrédulos juntos: quanto ao resultado do jogo quanto pelo ódio que uma parte dos brasileiros extravasa sem cerimônias. Não imaginava que uma das duas seleções poderia golear a adversária e senti vergonha ao explicar para ela quais os xingamentos – e a razão para tais – contra Diego Costa, brasileiro naturalizado espanhol: toda bola em sua direção gerava o coro ofensivo. Achei grosseiro e injusto, mas não foi o primeiro alvo de ódio escancarado nessa Copa.
Ao fim do jogo, a festa laranja tomou conta da Arena Fonte Nova com a Espanha voltando cabisbaixa para os vestiários, enquanto Persie e companhia deram uma volta pelo gramado saudando a torcida. “Bye Jenifer, a boa notícia é que Espanha e Brasil devem se enfrentar já nas oitavas de final”; ela não achou uma notícia tão boa assim.
A volta para o aeroporto foi tão fácil quanto a ida, mas fica a recomendação para que a administradora do estádio construa uma escada ao lado do Portão Norte: ver pessoas tentado manter o equilibro num barranco de grama batida e terra molhadas foi inesperado.
E onde raios estão os fatos “exclusivos” do seu dia, que o tornou mais especial que o dos outros torcedores? Um deles acabou de sair.
Explico. Ao entrar numa pizzaria do Aeroporto Dep. Luis Eduardo Magalhães me cérebro busca informação pra reconhecer o homem que está jantando bem à frente da porta. Sento em outra mesa ao lado e… claro, é o Galo, assistente do Felipão, o cara que faz a “função spy”, como disse aos meus amigos. Não o incomodei, mantive a vigília e quando levantou-se pedi um “selfiegalo”, deixando meu lado repórter agir: “dá pra ganhar dos caras?”. “Tá tudo certo, a nossa escolha [da comissão técnica] era essa mesmo, a Espanha nas oitavas”, respondeu sem vacilar. Agradeci e desejei boa viagem.
Este foi o segundo golpe de sorte com a Seleção Brasileira no dia. Mais cedo, quando estava em Belo Horizonte, esperando o avião começar a movimentar-se, olho pela janela e vejo uma certa aeronave da Gol, com um certo desenho feito pelos “Gêmeos” Otávio e Gustavo Pandolfo: Neymar e companhia estavam ali, logo ao lado. Deu tempo de ver os atletas passando pelo finger e fazer fotos para guardar e mandar para os amigos.
Se os próximos dias me reservarem metade das emoções desta sexta-feira, acho que vou começar desde já a fazer uma poupança para bancar a viagem para Rússia, em 2018. Vamos lá, que ainda em 2104 e no Brasil, temos Colômbia x Grécia neste sábado.
* Paulo Henrique Souza é jornalista e decidiu fazer uma aventura por conta própria de acompanhar 13 jogos da Copa do Mundo, em 6 estádios diferentes. Ele vai contar os detalhes desta jornada aqui no Fut’n’Roll.