Brasileiro/Futebol

Abraçados com a vergonha

Os rivais São Paulo e Corinthians estão tendo um 2014 com muitas coisas em comum. A maior delas, a necessidade de reconstruir os times que fracassaram em 2013 e a incompetência de suas diretorias/comissões técnicas para fazer isso.

O Corinthians precisava se livrar do envelhecido elenco campeão da Libertadores e do mundo em 2012. Tite não conseguiu fazer isso no ano passado por gratidão, e Mano Menezes chegou se livrando de alguns atletas, como Douglas, Paulo André e Alexandre Pato, que não estava no elenco vitorioso, mas era tido como acomodado dentro do time.

No São Paulo, o problema era ruindade mesmo. Uma defesa inconsistente, um meio de campo sem força e com muito pouca criação e um ataque quase inoperante. Poucos reforços chegaram para melhorar a qualidade técnica do elenco, como Pabón, Souza e o próprio Alexandre Pato, dispensado do rival e que ainda não pode ter a sequência de jogos necessária para dizer se dará certo ou não com a nova camisa.

Vai precisar de muito trabalho, Muricy (Foto:Rubens Chiri/São Paulo FC)

Vai precisar de muito trabalho, Muricy (Foto:Rubens Chiri/São Paulo FC)

E a consequência dos maus planejamentos foi a mesma. Vergonha e eliminação precoce no Paulistão 2014, com um denominador comum para os fatos. Ambos os times deram adeus ao campeonato estadual após 90 minutos sem conseguir ameaçar o gol do mesmo time, a Penapolense.

O Corinthians caiu ainda na primeira fase e desviou o foco da própria incompetência acusando o São Paulo de ter entregue o jogo ao Ituano, concorrente direto do alvinegro paulistano pela vaga no grupo B.

E o São Paulo foi eliminado com justiça na noite desta quarta-feira (26) após uma partida pra lá de medíocre. O time não teve o poder de criação apresentado em pouquíssimos jogos (talvez em apenas um, contra o Corinthians) e ainda foi muito ameaçado quando o time do técnico Narciso pegava a bola e partia no contra-ataque. Todos os problemas já vistos em 2013 estavam lá. O ataque inoperante, o meio de campo sem criatividade, volantes que não marcam direito e uma defesa insegura. O time de Muricy mantém a posse de bola, mas age tal qual um cachorro que olha um saco de lixo suspeito.

Após um placar virgem, as penalidades decretaram a classificação da Penapolense, que não errou nenhuma cobrança. O São Paulo perdeu com Rodrigo Caio, ironicamente um dos poucos que tinham 100% de aproveitamento nos treinamentos.

O fato é que nenhum dos dois times mereciam estar entre os quatro melhores do Paulistão. Agora tem cerca de um mês para rearrumar a casa para evitar novo vexame nas competições que restam, a Copa do Brasil e o Brasileirão. O São Paulo ainda tem uma partida a ser feita no dia 12 de abril, contra o CSA, no Morumbi, causada pela incompetência do time em eliminar o jogo de volta. Ao menos o Corinthians conseguiu a façanha contra o fortíssimo Bahia de Feira.

Diretorias, mexam-se. O Campeonato Brasileiro fica mais difícil a cada ano e quem não apresenta competência pode terminar o ano conhecendo o inferno da série B. E, já que os dois estão de férias, por que não aproveitar e marcar um ou dois amistosos entre si para rasgar as cláusulas que impedem Jadson e Pato de jogarem contra seus ex-clubes?

Santistas e Palmeirenses estão felizes com seus times, que jogam um futebol bem mais digno do que os outros grandes do Estado, mas devem também abrir o olho e não considerar favas contadas que farão a final do Paulistão. A última vez que isso ocorreu foi em 1959 (título para o Palmeiras), mas poderia ter ocorrido em 2004, quando o Verdão fez a semifinal contra o Paulista e o Peixe enfrentou o São Caetano. E a final foi São Caetano e Paulista, com título para o Azulão do ABC.

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