Falar de Blues Etílicos é falar da história do Blues no Brasil. Percursora do gênero no País, há quase 30 anos, a banda mistura as principais características do tradicional Blues norte-americano, com uma gaita vibrante, riffs de guitarra e slides envolventes, com o swing da música brasileira. Desde meados dos anos 80, o gaitista e vocalista Flávio Guimarães, o guitarrista e vocalista americano Greg Wilson, o guitarrista Otávio Rocha, o baterista Pedro Strasser e o baixista Cláudio Bedran vêm produzindo uma extensa obra autoral de alto nível, além de gravar homenagens às suas principais influências. As letras abordam variados temas, mas o que me chamou a atenção quando ouvi o som do Blues Etílicos pela primeira vez, há uns quinze anos, foi a parte instrumental, digna dos maiores ícones do Blues. “A banda agrada várias gerações e tipos distintos de público, desde quem curte e conhece blues até quem nunca sequer soube nem ouviu nada de blues. A luta do músico é contínua e exige perseverança. A grande maioria desiste. Por isso o Blues Etílicos é praticamente a única banda brasileira nesse segmento que conseguiu manter uma carreira ininterrupta de quase três décadas”, afirma o gaitista Flávio Guimarães, em entrevista exclusiva ao Fut’N’Roll. O talento dos caras é reconhecido internacionalmente e eles já tiveram a honra de dividir o palco com mestres do Blues, como eles B. B. King, Robert Cray e Buddy Guy.
E para celebrar mais uma temporada nas estradas, a banda Blues Etílicos está em turnê para apresentar “Puro Malte”, o mais recente CD do grupo, com músicas inéditas e releituras “bluseiras” de Toquinho e Vinícius, e Alceu Valença. A música que dá título ao trabalho fala do universo da cerveja artesanal. E para os amantes do Blues e de cerveja, a banda também lançou uma marca própria, a Blues Etílicos Hellbier, produzida pela Mistura Clássica e distribuída pela Balkonn. “Esse crescimento do segmento da cerveja artesanal reflete a atitude dos consumidores em busca da melhor qualidade. O Blues Etílicos traz isso também no seu som”, define Flávio Guimarães. Curta o vídeo oficial da música “Puro Malte”, o trabalho mais maduro da banda, de acordo com o próprio gaitista. Quem estiver em São Paulo pode curtir o show da banda Blues Etílicos no Sesc Vila Mariana nesta sexta-feira, dia 02, às 21h. Mais informações aqui.
Na entrevista exclusiva para a coluna “Tabelinha com o Barba”, Flávio Guimarães também fala sobre os novos talentos do Blues no Brasil, o momento atual do Blues Etílicos e ainda dá uma dica sensacional para os amantes dos choros da gaita, com um clássico de Little Walter, considerado um dos maiores revolucionários da gaita (curta o vídeo no fim do post).
Leia a íntegra do bate-papo com Flávio Guimarães:
Barba: Vamos começar falando desse novo CD. O que “Puro Malte” traz para o público?
Flávio Guimarães: Muitas músicas inéditas e autorais num CD todo em português. É uma ponte entre o blues e a música brasileira.
B: A cerveja sempre esteve ligada ao trabalho de vocês, nas músicas. E agora, além do “Puro Malte”, também existe a Blues Etílicos Hellbier. Como surgiu a ideia de ter uma cerveja com marca própria e onde as pessoas podem encontra-la?
FG: A ideia foi do amigo e especialista em cervejas Giovani Calmon, da Distribuidora Balkonn. É claro que todos adoramos a ideia e desenvolvemos a cerveja junto com o mestre cervejeiro Severino Batista, da fábrica Mistura Clássica. Esse crescimento do segmento da cerveja artesanal reflete a atitude dos consumidores em busca da melhor qualidade. O Blues Etílicos traz isso também no seu som.
B: Como é o desafio de se reinventar a cada trabalho?
FG: Com as duas coletâneas, é nosso décimo primeiro álbum. Nesse de fato, nós nos reinventamos. É também o CD mais musical e maduro da banda.
B: O que mudou em vocês desde 1985, quando começaram a tocar no Rio de Janeiro?
FG: Naquela época não existia mercado de blues no Brasil. Praticamente pavimentamos essa estrada em termos de blues brasileiro, abrindo o mercado pra vinda dos internacionais.
B: Flávio, o Blues Etílicos lutou muito, mas hoje é um dos maiores ícones do Blues do Brasil. Você, como um dos fundadores da banda, tem essa noção ou imaginava um dia chegar a esse nível?
FG: A luta do músico é contínua e exige perseverança. A grande maioria desiste. Por isso o Blues Etílicos é praticamente a única banda brasileira nesse segmento que conseguiu manter uma carreira ininterrupta de quase três décadas.
B: Como você explica o sucesso do Blues Etílicos nestes quase 30 anos?
FG: A banda agrada várias gerações e tipos distintos de público, desde quem curte e conhece blues até quem nunca sequer soube nem ouviu nada de blues.
B: Qual futuro você imagina para a banda? Vocês ainda têm muita lenha pra queimar depois desses anos de estrada?
FG: Acho que estamos começando uma nova fase, com muitos shows e criatividade. Nossa meta é gravar uma trilogia nesses moldes de Puro Malte.
B: Como foi a experiência de dividir o palco com os principais nomes do blues internacional, entre eles B. B. King, Robert Cray e Buddy Guy?
FG: Emocionante e enriquecedor. Aprendemos mais a cada experiência.
B: Mesmo com o espaço aberto por vocês e o André Cristovam, principalmente, ainda é difícil para uma banda de blues sobreviver no Brasil, já que, infelizmente, o estilo não é muito divulgado na cultura popular?
FG: De fato poucas bandas de blues vivem exclusivamente da música. Viver de música é um desafio para poucos, aqui e em qualquer parte do mundo. Temos esse privilégio.
B: Pra quem é fã de blues, o que tem de novidade no cenário nacional?
FG: Igor Prado, Cristiano Croshmore, Netto Rockfeller, Blues De Ville, Ablusados, Ale Ravanello, Ivan Marcio, Maurício Sahady, Alamo Leal, Blue Mountain, Headcutters, Tiffany Harp, Big Chico … tem muita gente boa pintando.
B: Para terminar, qual o seu maior ídolo na música? Pode ser ou não do Blues, você decide e indica uma música para os nossos leitores curtirem.
FG: Little Walter.
* Thiago Barbieri é jornalista e assina a coluna “Tabelinha com o Barba” no Fut ‘n’ Roll. No twitter, ele é o @ThBarbieri
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